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SANEAMENTO BÁSICO - 2
Uma grande parte das cidades catarinenses não dispõe de sistemas públicos
convencionais de esgotos sanitários, uma vez que o Estado é um dos menos
contemplados com tais equipamentos, com apenas 10% da população beneficiada. A
pequena parcela das cidades já contempladas convive, da mesma forma, com os
problemas relacionados à falta de saneamento básico visto que, não raramente, o
sistema coletor abrange somente a região central das mesmas por ser, geralmente, a
mais populosa. Desta forma, muitas vezes deixam de ser atendidas pequenas
comunidades, bairros, escolas, instituições e uma infinidade de edificações onde são
desempenhadas atividades humanas, com a consequente geração de esgotos.
A População do Estado nunca foi beneficiada com uma política séria de
saneamento básico, ficando a mercê da falta de vontade política e carente de ações que
promovessem esse importante elo que fecha a questão hidrossanitária, uma vez, que
com devida coleta, um correto afastamento e um tratamento eficiente, que permite o
esgoto ser lançado em receptores sem parâmetros indesejados, deixariam de ser
registrados inúmeros casos de internação por doenças de veiculação hídrica, como
diarreias, amebíase e febres tifoide e parasitoide.
Aqui, como em todo o país, os sistemas de distribuição de água sempre foram
vistos como mais importantes, do ponto de vista de uma população desinformada, que
sempre desejou avidamente água potável instalada em suas edificações. Mas o esgoto
sanitário é resultante do uso dessa água, pois é formado basicamente por uma parcela
líquida de águas de abastecimento (99,9%), às quais foram acrescentadas substâncias
sólidas (0,1%), muitas da quais consideradas poluentes ou patogênicas, alterando suas
características físicas, químicas e biológicas, implicando na necessidade de tratamento.
O lançamento de esgotos sanitários sem tratamento em rios, lagos e praias
confere ao corpo receptor uma característica indesejada sob o ponto de vista da falta de
proteção ao meio ambiente e do ponto de vista do comprometimento da qualidade de
vida e da saúde da população. Em ambos os casos, o uso das águas que receberam
significativa contribuição de esgotos sanitários sem tratamento é prejudicado, seja para
fins de irrigação, uso industrial, dessedentação de animais, contato direto durante o lazer
e a prática de esportes, entre outros.
Um aspecto a ser considerado é que os mananciais de abastecimento do Estado
de Santa Catarina são, na grande maioria, corpos receptores de esgotos sem tratamento,
implicando a necessidade de submeter esta água captada a determinados processos e à
introdução de produtos químicos, a fim de conferi-la o grau de potabilidade exigido
pelo Ministério da Saúde.

A população pode fazer a sua parte começando a cobrar de governantes e
políticos o desenvolvimento de projetos e a implantação de sistemas de esgotamento
sanitário em cidades catarinenses, tão carentes dessa iniciativa que certamente
promoverá o bem-estar e a qualidade de vida da população. E, depois de implantados
tais sistemas, promovendo a ligação das tubulações à rede coletora disponibilizada, para
que todo o esgoto gerado nas edificações tenha um destino: a estação de tratamento.
Joinville, 09 de junho de 2008.
Artigo publicado no Jornal A Notícia.
Por Janete Feijó - EVA Engenharia